Não seria lindo se as histórias de filmes de Natal fossem verdade? Pessoas comuns sendo tocadas pela espírito de solidariedade e fazendo o bem sem pedir nada em troca? Felizmente, muitas delas são. Se você olhar com atenção, vai perceber que esses pequenos milagres acontecem o tempo todo.
A assessora da Prefeitura de São Paulo, Gisele Anselmo, fez parte de uma corrente do bem que começou com uma carta do programa Papai Noel dos Correios. Há 28 anos, os brasileiros adotam correspondências de muitas crianças destinadas ao Bom Velhinho — só nos últimos três anos, foram 2,5 milhões. A carta continha o sonho de uma garotinha de cinco anos: “eu quero ganhar uma roupa de princesa para brincar com a minha irmã gêmea”. Gisele decidiu, então, realizar o desejo em dose dupla. “Eu pensei: ela tem uma irmã, não posso dar só uma fantasia, tenho que presentear as duas”, conta.
Na loja, ela se deparou com os altos preços das peças, o que inviabilizaria a compra dupla. “Elas custavam R$250,00 cada, mas decidi tentar um desconto, explicando que as fantasias eram para a cartinha dos Correios e que eu gostaria de presentear as duas irmãs”. A ação de Gisele sensibilizou a funcionária da loja, que a encaminhou para a área de outlet. No caixa, a cadeia de boas ações continuou. “A atendente baixou ainda mais o preço porque entendeu que era por uma boa causa”.
Segundo a advogada Cindy Pludwinski Carbonari, fundadora da ONG Anjos da Cidade, a solidariedade é comum nessa época. “No final do ano, as pessoas querem agradecer e fazer alguma coisa por alguém, e o Natal é um momento em que todos pensam muito em família. De alguma forma, param para pensar nos outros e se sensibilizam.” A ONG da advogada distribui, por semana, entre 70 e 90 marmitas de comida para moradores de rua na Zona Oeste de São Paulo. Durante o Natal, ela conta que esse número triplica devido ao aumento de doações.
Cindy, que foi inspirada por sua mãe, a publicitária Andrea Pludwinski e co-fundadora da Anjos da Cidade, destaca a importância da solidariedade nessa época: “Faz cinco anos que começamos a perceber que o Natal era um período delicado para muitos dos moradores de rua, pois eles lembram das famílias, e muitos moram na rua por não terem sido aceitos em casa. Então, a gente decidiu ser a família deles e fazer uma ceia com tudo: tender, arroz com passas, pêssego e muito amor e carinho”.

Caminhando por São Paulo é possível testemunhar outro milagre. Todo ano, uma van distribui panetones a moradores de rua. A iniciativa é do estudante de comércio exterior, Leonardo Nascimento, e de seu projeto Natal na Rua. Leonardo conta que os presenteados não são os únicos a se beneficiarem da ação. “Existem muitas pessoas que têm a necessidade de ajudar, mas não sabem como começar. E não há nada mais gratificante do que ajudar o próximo e ouvir de uma criança que naquele dia eles têm algo para comer”, declara Leonardo.
Aline Pinto, publicitária, conta como a reação de uma dessas pessoas a ajudou a criar projetos sociais. “Minha inspiração veio de um senhor que agradeceu quando eu lhe dei comida, pois estava há três dias sem comer. Não consegui ouvir aquilo e não fazer nada.”, Hoje, ela está à frente de duas iniciativas: Quentinha na Rua e Limpinho na Rua. “A solidariedade no Natal é algo muito inspirador”.
Gisele, Cindy, Leonardo e Aline fazem parte dos milagres de Natal, das razões para acreditarmos num mundo melhor. E, assim como foram inspirados uma vez por alguém, estão aqui para nos inspirar. “Meu sonho é que a magia que envolve as pessoas no Natal seja somente o início de um ano inteiro de dedicação ao próximo”, resume Aline.
Fonte: Blog Momentos